Resposta Histórica: A Luta do Vasco da Gama contra o preconceito e o Racismo

HISTÓRIA E FUTEBOL
Algum Vascaíno(a) por aqui?

Hoje se comemora os 99 anos da RESPOSTA HISTÓRICA do Vasco da Gama contra o preconceito social, racial e xenofóbico que marcava o futebol carioca nos anos 1920s do século passado. Em um contexto brasileiro marcado por darwinismo social, racismo científico, política do branqueamento e sentimentos antilusitanos, o Vasco desafiou a sociedade elitista e preconceituosa e mudou a história do futebol brasileiro.

De acordo com o historiador do Clube de Regatas Vasco da Gama ” Walmer Peres Santana”:
O Clube, ao adotar jogadores negros, pobres e operários nos seus times, passa a ser atacado por servir de espaço para que os “indesejáveis do futebol” desafiassem as elites preconceituosas e demonstrassem o quanto eram bons de bola. O Cruzmaltino e seus jogadores enfrentavam conjuntamente três formas de preconceitos: o social, o racismo e o antilusitanismo. [1]

Em março de 1924, os clubes rivais do Vasco criaram a AMEA,

A AMEA aceitou a inscrição do Vasco desde que o clube excluísse 12 de seus jogadores, sendo sete da equipe principal e cinco do segundo quadro. Em sua maioria, atletas negros e pertencentes às camadas populares da sociedade. A resolução da entidade colocava o Vasco, atual campeão carioca, em desvantagem em relação aos fundadores da nova liga. [2]

Aqui está um trecho da resposta histórica do clube feita no dia 07 de abril de 1924 endereçada a Associação Metropolitana de Esportes Athleticos (AMEA)

Estamos certos que V. Exa. será o primeiro a reconhecer que seria um acto pouco digno da nossa parte, sacrificar ao desejo de fazer parte da A.M.E.A., alguns dos que luctaram para que tivessemos entre outras victorias, a do Campeonato de Foot-Ball da Cidade do Rio de Janeiro de 1923.

São esses doze jogadores, jovens, quasi todos brasileiros, no começo de sua carreira, e o acto publico que os pode macular, nunca será praticado com a solidariedade dos que dirigem a casa que os acolheu, nem sob o pavilhão que elles com tanta galhardia cobriram de glorias.”

O Vasco desistiu de fazer parte da AMEA e permaneceu com seus jogadores.
Essa resposta contra o racismo, o preconceito social, e a xenofobia, contribiu de forma significativa para a profissionalização do futebol.

Fontes :
[1] https://crvascodagama.com/resposta-historica/
[2] https://ge.globo.com/futebol/times/vasco/noticia/2023/04/07/resposta-historica-completa-99-anos-e-vasco-resgata-passado-de-luta-contra-o-preconceito.ghtml?

O Ciclo do Ouro no Brasil

Por Edilson Marques[1]

Tópicos desse artigo

  1.  Resumo sobre o ciclo do Ouro
  2.  A “sede de Ouro”: Um breve antecedente
  3. Exploração e administração do Ouro
  4. Consequências do Ciclo do Ouro
  5. Referências

RESUMO SOBRE O CICLO DO OURO

“Extração do ouro”. Pintura de Johann Muritz Rugendas (1835) retratando a mineração em Minas Gerais.

A época do Ciclo do Ouro no Brasil foi o período no qual a extração e exportação do Ouro tornou-se a principal atividade econômica do período colonial.

As descobertas do ouro no Brasil estão ligadas as atividades da expansão bandeirante e estão enquadradas no contexto de crise da produção e comercialização do açúcar na colônia.

Também se insere nesse contexto, a crise que Portugal estava passando por conta de dificuldades econômicas e desastres naturais.

A descoberta do ouro trouxe mudanças significativas para a população da América Portuguesa e levou a uma corrida do ouro, que de acordo o historiador inglês Charles Boxer, nunca vista antes, até outra “corrida do ouro” no estado da Califórnia nos Estados Unidos em 1849.

Muitas pessoas vindas de Portugal e de outras capitanias da colônia se arriscaram na corrida pelo ouro, muitos esperando sair da miséria, outros na busca por enriquecer rápido, muitas abandonaram pai, mãe e filhos, outras venderam tudo que tinham e outras partiam para a região das minas apenas com a roupa do corpo.

Essa migração em massa, a ocupação e o povoamento dessas regiões contribuíram para o surgimento de diversas vilas e cidades, alterando assim o caráter colonial que antes era predominantemente rural.

Surgindo assim um novo eixo econômico, com a exploração de ouro sendo a principal atividade econômica nesse momento, determinou-se a transferência da capital de Salvador para o Rio de Janeiro no ano de 1763.

A “SEDE DE OURO”: UM BREVE ANTECEDENTE

A “sede por ouro” de espanhóis e portugueses e a busca dos metais preciosos visando o enriquecimento rápido, era o centro de obsessão dos países ibéricos e fora relatado e testificado por diversas cartas, relatórios e crônicas.  

Todavia, diferente da Espanha, que logo encontrou metais preciosos no século XVI e toda a riqueza acumulada foi levada para metrópole, Portugal encontraria quase dois séculos mais tarde.

No final do século XVII, o rei de Portugal: D. Afonso IV escreveu uma carta solicitando ao bandeirante Fernão Dias Pais Leme que procurasse ouro e pedras preciosas, em troca este receberia privilégios econômicos e políticos.

Fernão Dias reuniu filhos, parentes e indígenas a seu serviço e partiu em direção da região, a qual depois ficou conhecida como Minas Gerais. Fernão e seus homens passaram anos procurando e explorando as terras até encontrarem pedras verdes, o que no início julgou ser “esmeraldas”, foi posteriormente feita uma análise em Lisboa e descobriu-se que era apenas turmalinas.  Com a morte do Fernão Dias em 1681, quem ficou a cargo da bandeira foi o seu genro, Manoel Borba Gato.

Em 1696, Borba Gato anunciou ao rei ter descoberto ouro, na região de Sabará. Essa descoberta foi quase simultânea a feita por outra bandeira: Vila Rica, atual cidade de Ouro Preto.  Com a descoberta do ouro, a notícia se espalhou e atraiu milhares de portugueses e colonos à região das Minas e posteriormente também foi descoberto ouro em Mato Grosso e Goiás.

Em 1718 o ouro foi encontrado no Mato Grosso e em Goiás foi encontrado em 1728. Nessas outras regiões, a dificuldade de acesso, a resistência de diversas etnias indígenas marcou a dura busca pela descoberta do ouro.

Esses foram os três principais filões auríferos da América Portuguesa: Minas Gerais, as Minas do Sutil, em Mato Grosso, onde hoje fica Cuiabá, e as Minas de Vila Boa, em Goiás.

EXPLORAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO DO OURO:

A Coroa Portuguesa adotou alguns mecanismos para administrar a região mineradora e criou alguns impostos como forma de controle da exploração.

Em 1702 foi criada a Intendência das Minas, órgão subordinado a Metrópole, era responsável pela distribuição das datas (lotes a serem explorados) e pela cobrança do quinto.

Em 1720, para combater o contrabando, a Coroa criou as casas de fundição visando que todo ouro encontrado deveria ser fundido em barras e estas receberiam um selo como garantia da liberação para o comércio.

Dessa forma estaria proibida a circulação do ouro em pó e pepitas. Evitando-se assim as formas mais fáceis de esconder e contrabandear.

A Coroa Portuguesa também adotou alguns mecanismos de controle, dentre os quais podemos destacar:

Quinto – Imposto de 20% sobre o ouro encontrado, pois esse minério pertencia ao rei.

Derrama – Consistia numa determinação do governo português onde o total do quinto mínimo, seria de 1500 kg, deveria ser atingida anualmente por toda a colônia; caso o oposto, a diferença seria completada por uma cobrança compulsória. (derrama)

Capitação – taxa cobrada sobre cada morador em suas atividades econômicas e incluída cada escravo empregado na capitania.

CONSEQUÊNCIAS

Extensa migração de portugueses e colonos para a região de Minas Gerais, provocando ocupação e formação de vilas e cidades, alterando assim o caráter predominante rural da colônia.

O desenvolvimento de um novo eixo econômico, deslocou as principais atividades econômicas do litoral para o centro-sul, determinando a transferência da capital Salvador para o Rio de Janeiro no ano de 1763.

A circulação do ouro entre pessoas comuns, possibilitou uma relativa mobilidade social e deu a possibilidade dos negros escravizados de comprar sua liberdade por meio das cartas de Alforria.

Filhos de proprietários ricos foram enviados para a Europa, onde tiveram contato com ideias iluministas. Em seu retorno, essas ideias e livros foram disseminados entre uma parte da população.

O desenvolvimento da arte barroca: arquitetura, dentre os principais artistas destacam-se Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.

Portugal consegue aliviar momentaneamente seus problemas financeiros, principalmente o desequilíbrio na balança comercial entre Portugal e Inglaterra.

            REFERÊNCIAS

MESGRAVIS, Laima. História do Brasil Colônia. 1 ed. São Paulo: Contexto, 2020.

SCHWARCZ, Lilia Mortiz; STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: Uma biografia: com novo pós-escrito. 2.ed. São Paulo:  Companhia das Letras, 2015.


[1] Licenciado em História pela Universidade Estadual da Paraíba e Especialista em Estudos de História Local pela Universidade Estadual da Paraíba.

Qual é a diferença entre o Édito de Milão e o Édito de Tessalônica?

Fala, galera. Tudo bem com vocês? Sei que muitos de vocês estão estudando para o Enem e vestibulares. Então aqui vai um postagem super rápida (você vai conseguir ler e aprender em 3 minutos).

Quando estudamos sobre o fim do Império Romano e sua relação com o cristianismo, ouvimos falar de dois Éditos importantes para essa religião. Os famosos éditos de Milão e o Édito de Tessalônica. E geralmente na hora de fixar o conteúdo resolvendo questões muitos alunos confundem a função de cada um. Você quer saber qual é a diferença entre o Édito de Milão e o Édito de Tessalônica? Fique comigo até o fim para entender as diferenças.

Antes uma breve contextualização. Na fase do Baixo Império, O Império Romano era conhecido por ser um “gigante com pés de barro” e muitos fatores levaram a queda desse gigantesco Império. Dentre eles podemos destacar o cristianismo. Pois enquanto o Império Romano enfraquecia, o cristianismo se fortalecia.

Os cristãos (conhecidos como os pequenos cristos) não aceitavam a instituições romanas, às quais eram ligadas ao paganismo, eles também não reconheciam a divindade do imperador e a prática da escravidão.

A mensagem cristã transmitida por Cristo, conhecido no tempo do Império romano por ser (o agitador do povo) e por seus seguidores falavam de uma vida eterna e bem melhor num mundo vindouro, um reino de esperança para os mais humildes e oprimidos.

Com a divulgação da mensagem, não apenas as classes mais oprimidas, mas até membros da elite romana se converteram ao cristianismo que crescia ainda mais. Mas afinal onde entram esses Éditos?

Foi durante o baixo Império, que o Imperador Constantino concedeu aos cristãos liberdade de culto por meio do Édito de Milão, em 313.

Em 395, já no governo do Imperador Teodósio (379-395), o cristianismo tornou-se a religião oficial do Império Romano. Esse decreto ficou conhecido como o Édito de Tessalônica.

No mesmo ano, também aconteceu a divisão do Império Romano: Império Romano do Ocidente, com capital em Roma, e Império Romano do Oriente, com capital em Constantinopla.

Para ficar mais fácil de memorizar lembre-se dessa dica:

Édito de Milão ==> Liberdade de culto, Constantino.

Édito de Tessalônica ==> Religião oficial do Império, Teodósio.

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Até a próxima.

O HEAVY METAL CAMPINENSE NA TERRA DO MAIOR SÃO JOÃO DO MUNDO.

Esse artigo foi publicado no e-book: “Entre cidades, culturas e patrimônios: coletânea de textos em história local.” O artigo foi mais uma parceria entre meu amigo historiador Hugo e Eu.

Decidi publicar o artigo aqui na integra. Se você se interesse por estudar e pesquisar a relação entre História e Heavy Metal, continue conosco nessa leitura.

Edilson de Souza Marques[1]

Hugo Rennan C. Vasconcelos[2]

  1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A nossa ‘Rainha da Borborema’’, oficialmente conhecida como Campina Grande é tida como umas das grandes cidades do interior nordestino e detém o título de cidade do Maior São João do Mundo, tradicional festa popular realizada durante o mês de junho onde instrumentos como a sanfona, triangulo e zabumba orquestram o ritmo musical que impera neste período em nossa cidade: o forró.  Todavia, se lermos Campina apenas pelo viés ‘’junino e forrozeiro’’, que tem prazo de validade de 1 mês, estaremos generalizando e afirmando que aqui só produz forró e apreciadores deste estilo musical. Campina Grande comporta outras tribos e agentes sociais que se relacionam com esta urbe, a partir de outras expressões e práticas sociais. Mesmo que estas sejam muitas vezes solapadas pelo espectro junino e forrozeiro que predomina em nossa cidade.

Em termos sociológicos, o heavy metal[3] é consagrado como um dos movimentos contra culturais mais fortes do chamado mundo moderno. Sendo uma vertente do Rock n´Roll e com sua gênese nos idos dos anos 1970 do século XX e que tem seu ‘’boom’’ nos anos 80[4] do referido século, foi por muito tempo um dos estilos musicais mais ouvidos e apreciados no mundo. Em Campina Grande, o heavy metal foi/se faz presente, mesmo sem apoio da grande mídia, mas sustentado de forma independente por meio de uma rede de indivíduos que consomem tudo que é produzido por bandas e pessoas envolvidas com a cena campinense.

O heavy metal em Campina Grande merece um capítulo à parte, por se tratar de algo muito vivo e presente desde a proliferação de bandas e intensa atividade destas desde a década de 1980 do século XX até os nossos dias. A cidade de Campina Grande e suas diversas facetas, foi e continua sendo descrita como lugar de contracultura e diálogo entre tantas outras manifestações artísticas existentes em nossa amada urbe.

Sob esta perspectiva, em fins da década de 1980 o Heavy Metal ainda era um estilo que percorria os primeiros passos no Brasil. As primeiras bandas iniciavam suas carreiras, lançavam seus primeiros discos e construíam o que seria o ‘’cenário metálico’’ em meio a muitas dificuldades. As dificuldades eram presentes em todo o Brasil, sobretudo na falta de dinheiro para se adquirir equipamentos. E no Nordeste, as coisas eram bem mais difíceis. Tendo em vista que os polos industriais se concentravam nos eixos norte e sul do país. Mesmo em meio a este cenário desolador, nossa proposta neste artigo, é trazer uma análise concisa de como se deu a consolidação do Heavy Metal em Campina Grande. Posteriormente, refletir acerca dos usos que tais apreciadores deste estilo musical, fizeram de sua cidade. E a partir de que representações dentro deste contexto, estes se reconheciam enquanto indivíduos que delineavam seus lugares e estabeleciam práticas socioculturais urbanas.

Como mote de nossa pesquisa, iremos analisar alguns cartazes, buscando fazer um mapeamento dos espaços utilizados para realizações de shows de Heavy Metal em Campina Grande. Assim como buscaremos entender de que forma o sentimento dos que fizeram e ainda pertencem a esta tribo na cidade, eram traduzidos e comunicados entre sí. Além dos cartazes, utilizaremos como fonte, o documentário “Tá sentindo cheiro de queimado ai? ”, produção datada de 1988 e que mostra o momento da cena do Rock/Heavy Metal na Paraíba[5]. Também se faz necessário mencionar o blog Retalhos Históricos de Campina Grande e o site Metal Archives.

  • O HEAVY METAL EM CAMPINA GRANDE.”

Após o período da ditadura militar (1964-1985), o Brasil viveu a redemocratização, e com isso houve um processo de abertura a gêneros musicais, os quais outrora foram considerados subversivos durante o regime militar, regime esse que cerceou a liberdade de muitos artistas/bandas que executavam a sua música e ideologia de contracultura: rock. Nesse sentido, o Brasil abre espaço para realizar eventos de Rock/Heavy Metal para a juventude, e, em 1985, acontece o ‘Rock In Rio I’, que é considerado um divisor de águas para o heavy metal brasileiro e para os diversos headbangers que marcaram presença no evento.

O primeiro ‘Rock in Rio’ também foi televisionado, e milhares de jovens que se identificavam com o movimento e gênero musical, puderam ver seus ídolos nas telas em terras brasileiras. O impacto desse festival foi responsável por despertar/aumentar o desejo nesses jovens para formar suas próprias bandas, bem como de se reunirem com amigos e colegas que se sentiam parte da mesma “identidade” e formar o que ficaria conhecido como o movimento e cena underground de suas respectivas localidades. [6]

Em Campina Grande a sensação não foi diferente, foi a partir da metade da década de 80 que surgiu as primeiras bandas de heavy metal, bem como o embrião do que viria ser a cena underground campinense, que foi e até hoje é considerada como umas das cenas mais respeitadas do Nordeste e do país.

Em um período que vai de 1986 ao de 1994 várias bandas surgiram na Rainha da Borborema. Conforme nos diz SANTOS (2016, p. 43):

O número aproximado de bandas que surgiram entre o ano de 1985 e o ano de 1994 em Campina Grande foi de dezesseis bandas, tal número não é exato, pois existiram bandas que fizeram parte da cena nesse período […] Muitas dessas bandas deixaram de existir no próprio período destacado, outras continuaram na ativa, e algumas mudaram de cidade e estado. Tais bandas são: Abaddon; Agression; Caveira; Devastator; Doi-Codi; Gore Vomit; Interitus; Krueger; LockHeed; Mind Grind; Morbdus; Mortífera; Nephastus; Ostia Podre; Sickness; Stomachal Corrosion.

Dentre as bandas citadas, duas merecem nossa atenção, a primeira é a banda “Nephastus”[7], sendo considerada a primeira banda do nordeste a lançar um “full-lenght”[8]. Em uma época de difícil acesso a instrumentos e estúdios, gravar um álbum de heavy metal foi o fato de grande relevância. A banda passou dois anos em estúdio para gravar o álbum “Tortuous Ways” em 1991, o qual foi lançado inicialmente pelo selo Wiplash Records da cidade de Natal do Rio Grande do Norte. A banda Nephastus realizou vários shows em Campina Grande, cidades e estados vizinhos, chegando a abrir para a banda Sepultura[9] em Campina Grande e para a banda alemã “Kreator”[10] em Recife, Pernambuco.

Outra banda campinense de grande relevância para a cena do metal campinense, foi a banda Mortifera. A banda foi formada em 1987 e é provavelmente a primeira banda de Death Metal brasileira formada só por mulheres[11]. A banda Mortifera lançou uma demo de forma independente em 1989 intitulado de “Rehearsal” e foi se destacando na cena nordestina, chegando a abrir o show para a banda mineira “Chackal”[12] em Recife possivelmente no ano de 1990. Em uma entrevista, a membra fundadora da banda Kedma Villar[13] fala sobre a importância da Mortifera para a cena underground campinense. Conforme citado por Santos (2016, p.46):

É minha banda do coração. A Mortífera fez grande sucesso na região Nordeste, tocando em várias cidades e contribuindo para mudar o cenário local, dominado pelo universo masculino. Acho que serviu principalmente para as meninas serem levadas a sério. Até então, a participação das garotas no Metal era no papel de groupies[14]. O melhor dessa fase foi viajar e conhecer muita gente legal nos lugares onde tocamos. Amizades que ficaram até hoje.

É importante perceber que a cena campinense já possuía várias bandas e que os shows iam acontecendo, demonstrando que em meio a uma cidade considerada como a do “maior São João do Mundo” existia outras tribos urbanas que não se identificavam com o forró e faziam acontecer shows para o público de headbangers, roqueiros, punks, etc., fortalecendo a cena e movimento underground na cidade. No próximo tópico iremos analisar alguns cartazes dos eventos realizados na cena underground campinense bem como a relação da história com as imagens enquanto fontes históricas.

  • AS IMAGENS ENQUANTO FONTES HISTÓRICAS: OS SHOWS DE HEAVY METAL EM CAMPINA GRANDE

Para Le Goff (1990) o documento a partir de sua usualidade mais ampla, ultrapassa o uso do texto tradicional e se transforma em documento/monumento. Em outras palavras, neste novo modelo de fonte, tudo que contém algum vestígio ou estiver relacionado ao homem pode ser utilizado pela história. Trazendo para nosso contexto, é a partir das imagens que buscamos a reconstrução da memória e do passado de Campina Grande, por meio destas tribos urbanas, vistas como marginalizadas. Entendendo a cidade enquanto espaço de sociabilidade e possibilidade viável para o heavy metal e seus apreciadores. Portanto, uma criticidade e reflexão sobre as imagens deve se pautar primeiramente em refletir sobre os interesses que basearam a produção e exposição destas ‘’faces’’ do passado[15]. Posteriormente, estabelecer um exercício que busque revelar os significados que surgem a partir da narrativa visual.

Para Mauad (2004) a fotografia/imagem é um tipo de fonte que exige do historiador uma nova forma de abordagem, pois representa um fragmento desta materialidade, e que a partir deste ‘’pedaço’’ do passado, temos acesso a objetos, pessoas, lugares, condições de vida.  Que nos trazem diferentes formas de se enxergar o passado e que carregam determinadas visões de mundo.

A cidade, enquanto caleidoscópio de sentidos muitas vezes ocultos, e que nos convidam ao seu desvendamento é um dos desafios de se trabalhar com a imagem. Como possibilidade de leitura destes sentidos ocultos e enigmáticos sobre as cidades, temos o diálogo com as imagens. Neste caso, as fontes imagéticas com outros tipos de documento, segundo Sônego (2010) produzem:

‘’Essa intertextualidade, isto é, o estabelecimento de um diálogo entre as diferentes fontes (iconográficas, verbais, orais, literárias) permite interagir com outras visões, outras linguagens, outros discursos sobre mesmo objeto, além de permitir sua contextualização histórico-social e cultural. Somente desse modo seria possível conduzir a análise dos textos e imagens encontrados. ’’ (Sônego.2013. p. 115)

As imagens enquanto fontes nos reforçam que as lembranças do passado são pulverizadas pelo tempo. Todavia, a memória é, também ação e representação que uma sociedade ou indivíduo constrói de si. Neste raciocínio, entendermos que seja o rock ou o heavy metal não se limitam apenas ao ritmo, mas que existe um modus vivendi que é de suma importância para os adeptos deste gênero musical. Vivência que delineia o cotidiano destes indivíduos e que se expressam por meio da música, vestuário, lugares, práticas, imagens, dentre outras.  Neste sentido, concordamos com o conceito de ‘’táticas’’, de Certeau (2009) quando o mesmo afirma que:

‘’A tática não tem lugar senão a do outro. E por isso deve jogar com o terreno que lhe é imposto tal como o organiza a lei de uma força estranha. Não tem meios para se manter em si mesma, à distância numa posição recuada, de previsão e de convocação própria: a tática é movimento ‘dentro do campo de visão do inimigo’, […] e no espaço por ele controlado. Ela não tem, portanto, a possibilidade de dar a si mesma um projeto global nem de totalizar o adversário num espaço distinto, visível e objetivável’’. (CERTEAU, 2009.p.00)

Portanto, o ato de produzir um mero cartaz é também um ato de comunicar. Estando automaticamente produzindo cultura. Comunicação que revela sua forma de estar no mundo em sociedade. Ou seja, seus modos de viver a vida. Assim, de acordo com Barros (2005):

Uma prática cultural não é constituída apenas no momento da produção de um texto ou de qualquer outro objeto cultural, ela também se constitui no momento de recepção (BARROS, 2005.p.00)

A História Cultural não foca apenas nos dispositivos de produção de cultura, mas também nos seus receptores, pois a recepção também é um modo de se produzir cultura. Assim, compreende-se que trabalhar com heavy metal enquanto representação social de Campina Grande ou de um determinado espaço é, ao mesmo tempo, refletir que, qualquer indivíduo já está produzindo algum tipo de cultura sobre a urbe. Cultura aqui, leia se como os modos que estes grupos enxergam seus espaços. Assim como os tais podem ser transformados por eles em seu cotidiano.

Voltando a questão de shows de heavy metal realizados em Campina Grande, iremos destacar alguns que foram de grande importância para o fortalecimento da cena underground.  Entre a década de 80 e 90 foram realizados diversos shows em lugares variados na cidade. Os shows eram realizados em espaços públicos e privados, conforme nos diz SANTOS (2016), dentre os shows realizados podemos citar: “Encontro de bandas Punk & Metal”, “I Rock Concert Death Metal”, “1° C. G. Corpse Grinder Festival”, “2° C. G. Corpse Grinder Festival.”, entre outros.  Contudo, um dos shows mais emblemáticos para os headbangers campinense foi o show do Sepultura realizado no C.E.U. (Clube dos Estudantes Universitário)[16]  em 19 de março em 1988. Conforme nos diz SANTOS (2016, p. 69):

O show do Sepultura se tornou uma lenda dentro de Campina Grande por um tempo até que a constatação veio com o compartilhamento do cartaz do show no Facebook em 2012, logo o que era lenda se tornou verdade. O show que foi organizada pela “Produção Gota Serena” contou além do Sepultura, com as bandas Nephastus, de Campina Grande e Restos Mortais, de João Pessoa. O Sepultura nessa época estava em turnê do álbum Schizophrenia, lançado em 1987, este show é o segundo com Andreas Kisser [sic] na guitarra. A formação ainda contava com os irmãos e fundadores do Sepultura Max (Vocal e Guitarra) e Igor Cavalera (Bateria) e Paulo Jr. (Baixo), com essa formação anos mais tarde a banda atingira um sucesso comercial. O show foi marcado pelo famoso roubo da jaqueta de Igor Cavalera e também por um cartaz que fazia um trocadilho com o evento: “Compre já a sua SEPULTURA e tenha seu lugar garantido no CEU”. O show com o apoio da loja Ecs-Maluketti, que também ajudou na produção da demo Depressive Dementia de 1990, do Nephastus. Tal show não somente marca Campina Grande na rota de shows de grandes bandas do underground, mas também a importância que as bandas campinenses têm [sic].

Esse show do Sepultura na cidade de Campina Grande, demonstra que a cena campinense não estava isolada somente com as bandas da região nordeste, mas que mantinham o contato com outras regiões, fortalecendo esse vínculo com os headbangers de todo o Brasil. Também é interessante perceber que empresas privadas também apoiavam os shows realizados por produtoras undergrounds, seja na questão do patrocínio para promoção de um evento, seja na produções de gravações de bandas campinenses. Já em outros shows a exemplo dos “1° C. G. Corpse Grinder Festival”, “2° C. G. Corpse Grinder Festival.” Ambos realizados no parque do povo, receberam o apoio Secretaria de Educação e Cultura Departamento de Cultura.

Abaixo segue as imagens dos cartazes do show da banda Sepultura em Campina Grande:

Figura 1 Cartaz principal do show do Sepultura na Rainha da Borborema[17]

Figura 2 Cartaz secundário do show do Sepultura na Rainha da Borborema [18]

Em contribuição a análise destas imagens, pode se perceber que a cidade de Campina Grande deve ser analisada a partir de suas funções. De fato, percebemos nossa urbe como multifuncional. Pois, por vezes pode predominar uma função ou outra com a relação ao sistema que elegemos. Todavia, isto não anula, mas consegue estabelecer vários modos diferentes de viver na cidade. Neste caso, os shows de heavy metal realizados na referida urbe, nos revelam o fator cultural como categoria de análise e leitura urbana.
Neste caso, de acordo com Barros (2007), estabelecer na cidade uma “função predominante”, não significa desconsiderar as tantas outras funcionalidades da mesma. Desta forma, a cidade conhecida por deter o título de Maior São João do Mundo, também é guardiã de uma intensa prática cultural, onde modos de vida e representações sociais, praticadas e vividas por indivíduos; e um latente sentimento identitário que não se limita apenas a ouvir heavy metal, mas querer praticá-lo de alguma maneira, percebendo assim uma relação mais intima dos indivíduos com a música. Para além, disso, uma relação mais intensa com os lugares na cidade propícios a estas vivências.
Portanto, a partir do uso destas imagens e demais documentos, podemos mesmo que de forma
breve, investigar o cenário heavy metal de Campina Grande como movimento cultural, em que os participes formaram suas identidades nos espaços culturais da cidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nossa proposta neste artigo foi trazer de forma concisa como se deu a consolidação do heavy metal em Campina Grande. Refletindo acerca dos usos e representações que tais apreciadores deste estilo musical fizeram de sua cidade. E a partir de que representações dentro deste contexto, estes se reconheciam enquanto indivíduos que delineavam seus lugares e estabeleciam práticas socioculturais urbanas. Assim, buscamos entender de que forma o sentimento dos que fizeram e ainda pertencem a esta tribo na cidade, eram traduzidos e comunicados entre si. Para tanto, analisamos alguns cartazes, buscando fazer m mapeamento dos espaços utilizados para realizações de shows de heavy metal em Campina Grande.
Para promover tal discussão, estabelecemos a proposta da cultura histórica em diálogo com as práticas sociais em consonância com os estudos acerca do rock. É importante perceber que, discorrer sobre tal temática ainda é um campo pouco trabalhado na historiografia. Sendo relegada muitas vezes ao seu próprio lugar de origem: o underground. Portanto, a temática proposta neste trabalho ainda é um campo pouco estudado nos cursos de História de Campina
Grande. Temos como referencial para escrita deste artigo os trabalhos de Santos (2016) e Silva (2017) que se referem ao contexto local.
A partir disso, buscamos entender o cotidiano de táticas destes indivíduos, que se expressam por
meio da música, vestuário, lugares, práticas, imagens, dentre outras. E por meio das imagens, identificamos a relação entre imagens e história, na busca de refletir sobre o cotidiano de Campina Grande, na perspectiva destas tribos urbanas e suas formas de diálogo com a referida urbe.

REFERÊNCIAS

BARROS, José D’Assunção. A História Cultural e a Contribuição de Roger Chartier. Diálogos: Revista do Departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em História, vol. 9, núm. 1, 2005, p. 125-141, Universidade Estadual de Maringá, Brasil.

BARROS, José D’Assunção. Cidade e história. Petrópolis: vozes, 2007. 128p.
CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano: Artes de fazer. Petrópolis: Vozes, 2009.
LE GOFF, Jacques. História e memória. Campinas: UNICAMP, 1990.

MAUAD, Ana Maria. Fotografia e história – possibilidades de análise. In: CIAVATTA, Maria; ALVES, Nilda (Org.). A leitura de imagens na pesquisa social: história, comunicação e educação. São Paulo: Cortez, 2004.
SÔNEGO, Márcio Jesus Ferreira. A Fotografia como fonte histórica. In: https://www.seer.furg.br/hist/article/viewFile/2366/1248 – Acesso em 23/09/2016.

SANTOS, Carlos Arthur. Underground Heavy Metal em Campina Grande: 1985-1995. 2016. Monografia (Graduação em História) – Universidade Estadual da Paraíba- UEPB, Campina Grande, 2016.
SILVA, Alisson Wagner de Arruda. O submundo em chamas: a cultura Heavy Metal no cenário
Underground de Campina Grande na década de 1990.
2017. Monografia (Graduação em História) – Universidade Estadual da Paraíba – UEPB, Campina Grande, 2017.

BLOGS E SITES
http://charliecurcio.blogspot.com – Acesso em 04/11/2019
http://cgretalhos.blogspot.com/ – Acesso em 04/11/2019
https://www.metal-archives.com/ – Acesso em 04/11/2019
https://www.youtube.com/watch?v=lcXy23-JUWs – Acesso em 04/11/2019


[1] Licenciado em História pela Universidade Estadual da Paraíba e Especialista em Estudos de História Local pela Universidade Estadual da Paraíba.

E-mail: profedilsonmarques@gmail.com

[2] Licenciado em História pela Universidade Estadual da Paraíba.

E-mail: profhugorennan@gmail.com

[3] Em tradução livre significa “Metal Pesado”. Gênero do rock que se desenvolveu no final da década de 1960, principalmente no Reino Unido e nos Estados Unidos. As bandas que criaram o Heavy Metal desenvolveram um som bastante massivo e encorpado, com um timbre saturado e distorcido.

[4] Com a consolidação do Heavy Metal no início dos anos de 1980, posteriormente surgiram subgêneros como o Thrash Metal , Death Metal, Speed Metal, Black Metal, dentre outros.

[5] https://www.youtube.com/watch?v=lcXy23-JUWs

[6] Underground em tradução livre significa “Subterrâneo”. Termo utilizado para diferenciar do termo ‘Mainstream’. Também pode ser entendido como um ‘movimento’ onde a cultura heavy metal é vivenciada, seja por fãs/bandas, headbangers, metalheads, roqueiros, punks e outras tribos que tenham ligação com o rock/metal, e que não tem apoio da grande mídia fonográfica.

[7] Banda de Thrash Metal, formada em 1986.  Para mais informações ver: https://www.metal-archives.com/bands/Nephastus/9771

[8] ‘Álbum completo’ em tradução livre.

[9] Banda mineira formada em 1984 e considerada por muitos a maior representante do heavy metal brasileiro.

[10] Banda Alemã de Thrash Metal, formada em 1984.

[11] Ver https://www.metal-archives.com/bands/Mort%C3%ADfera/3540282613

[12] Banda de Thrash Metal formada em 1985.

[13] Multi-instrumentista, foi uma figura de grande importância para a cena do metal campinense, tendo formado duas bandas locais Mind Grind, Mortifiera e também participou da banda campinense ‘Óstia Podre’.

[14] Eram mulheres que ficaram conhecidas por ir atrás de Rockstars, ou serem procuradas por eles, para ter relações sexuais ou outros tipos de atividades.

[15] MENESES, Ulpiano T. Bezerra de. Fontes visuais, cultura visual, história visual: balanço provisório, propostas cautelares. Rev. Bras. Hist. [online]. 2003, vol.23, n.45, pp.11-36

[16] Atualmente o local é conhecido como C.U.C.A (Centro Universitário de Cultura e Arte). 

[17] Disponível em: http://cgretalhos.blogspot.com/2012/06/propagandas-do-passado-sepultura-em.html#.XcQcs9Vv_IW  acesso em 04/11/2019.

[18] Disponível em: SANTOS, Carlos Arthur. Underground Heavy Metal em Campina Grande: 1985-1995. 2016. Monografia (Graduação em História) – Universidade Estadual da Paraíba- UEPB, Campina Grande, 2016.

O que é o Estado?

A palavra “Estado” vem do latim status, que significa modo de estar, situação, condição. O termo apareceu no início da Idade Moderna, entre os séculos XV e XVI, para se referir ao país soberano, com estrutura própria e politicamente organizado. O Estado moderno estava, então, profundamente associado ao rei e confundia-se com governo ou a figura do governante. O Estado absolutista era o próprio monarca, como reconheceu Luís XIV, rei da França, ao afirmar “O Estado sou eu”.

O Estado só adquiriu seu significado atual na virada do século XIX com a separação entre o governo e a pessoa do monarca. Os governos passam, são temporários, enquanto o Estado permanece.

O Estado é entendido, hoje, como a organização política e administrativa dos habitantes de um território e que estão sujeitas a um governo. O Estado é uma entidade soberana que concentra o poder de mando sobre um determinado território e a quem cabe o domínio da lei, da força, da proteção e segurança, e a manutenção de serviços essenciais da sociedade (que, conforme o modelo de Estado, podem ser educação, saúde, previdência, emprego etc.).

O Estado impõe a mesma legislação a todas as populações instaladas em seu território. O que o distingue de todas as formas políticas que o precederam – da cidade-estado ao império – é um projeto político de criar uma comunidade unificada, articulada em torno de um território e de uma organização político-administrativa compartilhada.

A ciência política distingue entre formas de Estado (unitário, federal ou confederado), formas de governo ou sistema político (monarquia e república), sistemas de governo (parlamentarismo, presidencialismo e semi-presidencialismo) e regimes políticos (democracia, ditadura, socialismo, fascismo, nazismo, social-democracia, teocracia etc.).

Fontes: https://studhistoria.com.br/qq-isso/

Resumo: A Guerra do Contestado

O que foi a Revolta do Contestado?

Foi um conflito sociopolítico que ocorreu entre (1912-1916) ocasionado pela disputa de um território (cerca de 30km²) próximo à fronteira dos estados do Paraná e Santa Catariana, o qual era contestado pelos dois estados.

Esse território era rico em florestas de araucária e pés de erva-mate, esses recursos naturais eram explorados por madeireiras, grandes proprietários, pecuaristas e exploradores dos ervais.

Por muito tempo, esse território isolado e abandonado pelos governos locais, foi um foco de convivência entre grupos marginalizados que viviam em uma espécie de comunidade místicas em tornos de líderes messiânicos.

Os líderes

Beatos e monges que circulavam pela região cuidando de doentes e profetizando o fim do sofrimento e a chegada de uma era sem fome e miséria.

Entre esses líderes destacam-se: João Maria (1908) e José Maria (1912)

José Maria foi um desses monges e suas pregações misturavam trechos bíblicos, lendas medievais, anunciava a volta de D. Sebastião para o estabelecimento de uma Monarquia Celeste na Terra, onde todos viveriam em comunhão.

Causas

  • O governo cedeu a empresa Brazilian Railway 15km de cada lado dessa ferrovia ao longo dos trilhos, esse fato levou à expulsão de centenas de famílias de posseiros caboclos, indígenas e ervateiros da região.
  • A construção da estrada de ferro que ligaria São Paulo ao Rio Grande do Sul (Brazilian- Railway), o que levou a milhares de pessoas a se deslocarem para região em busca de emprego na construção da ferrovia
  • Após a inauguração, esses trabalhadores ficaram desempregados (cerca de 8 mil), provocando assim uma crise social.
  • Envio de tropas federais para derrotar a comunidade de Quadrado Santo, fundada pelo líder messiânico José Maria do Santo Agostinho.

 

A batalha do Irani

Foi um conflito entre José Maria e seus seguidores contra o Governo do Paraná.

Após José Maria e seus seguidores saírem de Taquaraçu (arredores de Curitiba/PR) para evitar um conflito com o governo estadual, eles migram para os campos do Irani (Paraná). O governo do Paraná considerou a chegada dos sertanejos como uma “invasão” para favorecer Santa Catarina na disputa da região contestada.

Então, o governador do Paraná determinou que o capitão comandante do Regime de Segurança fosse para o local para expulsar os sertanejos. O conflito iniciou-se em 1912 e foi desastroso para as tropas governistas e para os sertanejos, os quais perderam muitos em combate, inclusive o seu líder José Maria.  

Todavia, isso não desanimou os sertanejos rebeldes que continuaram reivindicando a posse da terra, enquanto esperavam ressureição de José Maria e de todos os mortos da batalha de Irani.

Consequências

  • Assinatura de um acordo de Limites Paraná-Santa Catarina, resolvendo as questões de fronteira que, há anos, estendiam-se pela Justiça.
  • Surgimento na região outrora contestado: as cidades de Mafra, Chapecó e Porto União.

 

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Fontes:

Livros:  História Concisa do Brasil (Boris Fausto. )

História Geral e do Brasil – vol 3. ( Claúdio Vicentino e Gianpaolo Dorigo)

Sites consultados:

https://ensinarhistoria.com.br/linha-do-tempo/inicio-da-guerra-do-contestado-2/ – Blog: Ensinar História – Joelza Ester Domingues
 
 
 

Dia do Professor -15 de Outubro

Hoje é o Dia do Professor (a). Essa frase do grande professor Paulo Freire, fala muito sobre o que eu acredito. Nesse pouco tempo exercendo a docência (quase 5 anos) e estudando, pesquisando e refletindo sobre a minha prática docente e pedagógica, vejo o quanto melhorei, avancei e me reinventei, sempre buscando dar o meu melhor para os meus aluno(a)s em sala de aula. Todavia, sei que ainda há muito o que melhorar, afinal como diz o mestre Freire: “A gente se forma como educador permanentemente na prática e na reflexão sobre a prática”.

Ainda sobre a prática de ser professor, sei da importância e do poder da educação para transformar pessoas e consequentemente transformar a realidade, sociedade e o mundo. Lecionar, educar, vai além de simplesmente passar conteúdos, por esse motivo minhas aulas também buscam contribuir para formação de cidadãos e de uma sociedade mais justa, livre e solidária conforme nos orienta a Constituição Federal e os nossos documentos norteadores da educação básica.

Todavia, Ser professor(a) no Brasil é um desafio constante, falta respeito, valorização e apoio da parte de muitos, e cada um conhece a sua realidade, mas falo enquanto um jovem professor sempre em formação, que ao refletir sobre como a nossa profissão é importante, percebi e aprendi na prática que quando se tem amor, foco, objetivos, o desejo de sempre evoluir, a vocação para isso, e nunca se perde a esperança, a vida docente torna-se mais bela, prazerosa, leve etc.

Enfim, também desejo Feliz dia do professor (a) a todos meus colegas de profissão e professores e ex-professores que contribuíram para minha formação em andamento, sigamos na luta por nossa classe/categoria e por uma educação de altíssima qualidade para Todos.

Jogo no Quizlet -6º ano

Fala meus queridos alunos e alunas tudo bem com vocês? Estou disponibilizando um link do jogo exclusivo no aplicativo Quizlet sobre o tema: Os povos Mesopotâmicos e Egípcios. Esse link é voltado para os alunos do 6º ano. Abaixo, segue o link, espero que se divirtam aprendendo o conteúdo de uma maneira mais dinâmica.

https://quizlet.com/_9ue71e?x=1qqt&i=3hwqjh

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Pedagogia da Autonomia -Paulo Freire – uma breve resenha

Uma das melhores leituras que já fiz. Enquanto professor, me arrependo o quanto que eu demorei pra ler Paulo Freire. Sim, demorei, mas escolhi um livro que caiu como uma luva para pensar, repensar, refletir minha prática não apenas como professor, mas como humano, como gente inacabada que sempre deve está disposta a aprender e evoluir e quem não posso aceitar a história como determinismo, mas como possibilidade.

A cada página lida era uma frase ou parágrafos sublinhados, pois de fato é uma miríade de ensinamentos. Para quem está lecionando em sala de aula – agora, talvez de maneira online ou híbrida- é sem dúvida uma leitura mais que necessária. Seja você um professor democrata progressista ou não. Vale a pena demais. Esse livro que irei reler muitas vezes, tornou-se um dos meus favoritos.

A possibilidade do Heavy Metal para fins didáticos.

Já tem um tempo que venho não só ouvindo e consumindo heavy metal (metade de minha vida kkk) e a paixão por esse gênero musical ( e é claro, é muito mais que apenas música) não fica restrito a música, também continuo pesquisando e publicando e levando o Heavy Metal para academia e também para sala de aula.

Acredito que o Heavy Metal sendo um movimento histórico e de contracultura também pode e deve ser utilizado para fins didáticos em sala de aula. E foi o que aconteceu recentemente, ao dar um aula de um conteúdo da disciplina de Geografia.

Percebi que a música “refugiado” da banda brasileira de Heavy Metal @facingfearbr se encaixava perfeitamente na proposta da aula e decidir coloca-lá em uma atividade para alunos ouvirem e precisamente fazer um exercício de análise da letra e em seguida responder questões.

Enfim, decidi enviar para os caras da banda falando dessa atividade que preparei com base na música da banda e eles ficaram muitos honrados e felizes. E eu? Como fã da banda e apoiador do metal nacional bem mais por tbm ter o reconhecimento vindo deles. Valeu galera do Facing Fear vcs são demais.

Abaixo segue o print retirado do facebook da banda.

Segue também a mensagem da banda:

Hey pessoal!
O professor de História e Geografia, Edilson, de Campina Grande / PB, realizou um trabalho muito interessante com os seus alunos, fazendo uma análise da música “Refugiado” numa atividade de Geografia.
Só temos a agradecer muito por esse apoio Edilson!

Viva o conhecimento. 🤘✊🏿

Link da atividade:
https://bityli.com/8ebru

Enfim, para quem quiser ouvir a música e usar em Sala de aula quando a temática for sobre migrações, refugiados. Super recomendo.